Um dos mais renomados paisagistas de Santa Catarina, o catalão Jordi Castan, assina o projeto do Vitra, que marca a entrada da Plaenge no mercado de Joinville. Ao lado das arquitetas Rafaela Back e Manoela Nascimento, ele comanda a Boa Vista Paisagismo, responsável, também, pelo paisagismo do residencial Breeze, da Vanguard.
“Temos mantido uma relação profissional duradoura, de respeito e colaboração. Nossa filosofia de trabalho é muito próxima e, a cada novo projeto, há uma interação maior. O resultado é evidente pela sintonia entre as equipes e com cada uma das outras disciplinas envolvidas”, sublinha Jordi.
Nesta entrevista ao Blog da Plaenge, o profissional afirma que, hoje, as famílias estão mais preocupadas com a qualidade de vida, e que isso se reflete na concepção do paisagismo.
Confira a entrevista na íntegra a seguir.
O que é tendência, hoje, em paisagismo para projetos residenciais?
Existem várias tendências, mas algumas são só modismos efêmeros e é bom evitá-los. Não se consolidam, acabam não perdurando. Nosso foco é identificar aquilo que é essencial, duradouro, o que permanece além do tempo. Até porque um empreendimento ou um projeto de paisagismo não pode ser visto como algo passageiro. Não é uma peça de roupa ou um acessório que dura pouco tempo e passa de moda.
Ninguém toma a decisão de investir na sua moradia sem considerar muito uma decisão tão importante. Nós acompanhamos as tendências que têm consistência e a qualidade de vida é uma delas. Há uma mudança de comportamento com relação à natureza, as pessoas querem saber mais, conhecer, sentir, perguntam, questionam, participam, e isso é muito bom. Um exemplo de tendência é o uso de pomares com frutas nativas. Hoje, utilizamos árvores frutíferas nativas nos projetos, tanto para sombra quanto pela sua floração e o atrativo dos frutos, recuperando o prazer de colher as frutas do pé.
Quais são as referências maiores em projetos de paisagismo para seu estilo de trabalho?
Uma mistura da formação acadêmica europeia extremamente técnica e a oportunidade de ter trabalhado por sete anos com Roberto Burle Marx, o maior nome do paisagismo no Brasil. O resultado de ter trabalhado profissionalmente em mais de 30 países e de ter uma equipe magnífica que assume novos desafios em cada projeto. Aprendemos mais a cada projeto que vemos. Aprendemos como fazer melhor e, principalmente, aprendemos o que não deve ser feito.
Você já percebe uma atenção maior das famílias ao paisagismo do lugar como um fator para a escolha de um apartamento para morar?
Sim, é impressionante como há uma mudança. O acesso à informação permite uma maior interação com os clientes. Você fala o nome de uma planta e está na ponta dos dedos do cliente, que já a procurou no seu telefone e reage à proposta. Os clientes sabem melhor o que querem. As construtoras têm seus produtos mais bem formatados e conhecem melhor seus clientes. O mercado está mais exigente e muito mais competitivo.
Com a pandemia, o verde ganhou importância, então temos uma maior preocupação pelos espaços verdes. Até há pouco tempo, havia quase que uma corrida quanto a ter tantos espaços de lazer, um empreendimento anunciava 27 espaços e logo outro anunciava 28 ou 29. Hoje, as pessoas buscam qualidade, não quantidade. Essa é uma mudança que veio para ficar.
O quanto a presença de áreas verdes e arborização é um fator relevante na escolha por um novo lugar para viver?
Muito, apesar de que os espaços urbanos são limitados. Não é sempre que temos oportunidade de propor grandes espaços. Nesse caso perfil da construtora é determinante. Há aquelas que buscam rentabilizar cada metro quadrado, mesmo à custa de perder qualidade, e há outras, como a Plaenge, que vão além de pura rentabilidade e querem agregar valor. Todos os profissionais envolvidos no projeto sabem que é preciso dar um passo a mais para fazer a diferença, não há mais espaço para mais do mesmo.
De que forma os projetos de paisagismo foram influenciados pelo “fique em casa” desde o início da pandemia?
Há uma mudança de comportamento. Houve muitos exageros e erros durante a fase mais intensa da pandemia. Fechar playgrounds, jardins e proibir o acesso às áreas comuns foi um erro. Mas foi o caminho mais fácil. O correto teria sido oferecer alternativas, estabelecer horários, reduzir a quantidade de pessoas… Ao proibir, provocou-se uma situação de estresse, só quem tem filhos pequenos sabe o que foi. Também para as pessoas de idade ficar confinados por semanas a foi uma prova duríssima.
Hoje todos querem mais verde, até dentro de casa – as “urban jungles” são parte dessa mudança. O querer caminhar mais, desfrutar da sombra de uma árvore ou tirar os sapatos para pisar na grama são partes da mudança. Os projetos de paisagismo devem responder a isso e os espaços que estamos projetando hoje são mais polivalentes: menos redários e mais árvores para pendurar uma rede, menos “fire place” e mais bancos para conversar ou ler um bom livro. Mais playgrounds, mais espaços pet. Tudo está mudando e é preciso saber identificar essas mudanças e nos antecipar.
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