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Arquiteta Thaisa Bohrer afirma que olhar para a casa é caminho sem volta

Desde o início da pandemia, a maior permanência das pessoas em suas moradias vem se refletindo em mudanças gradativas no desenvolvimento de projetos residenciais. Na visão da arquiteta Thaisa Bohrer, da Bohrer Arquitetos, sediada em Londrina (PR), algumas tendências que já eram observadas antes, se consolidaram. Um bom exemplo é o redimensionamento dos espaços internos, ampliando as áreas íntimas, que ganham a companhia de estruturas de home office.

A pandemia acelerou tendências que já vinham em curso, antecipando mudanças que ocorreriam de forma lógica, tranquila e gradual. A arquiteta assina o primeiro projeto da Plaenge em Joinville (SC), o Vitra, no bairro Atiradores. Nesta entrevista, afirma que o “olhar para a casa” como porto seguro e espaço de refúgio é um “caminho sem volta”, e aposta em tendências como a escolha pela qualidade e pelo uso da tecnologia em favor dos moradores, além da consolidação de elementos como áreas de delivery e conveniência nos empreendimentos.

Thaisa Bohrer sentada em cama no decorado

Confira a seguir a entrevista na íntegra.

Que mudanças você identifica na expectativa das famílias para projetos residenciais desde o início da pandemia? Surgiram demandas que até então não eram comuns?       

 
Antes de mais nada, vimos uma grande mudança na proporção da área íntima versus área social. Antes, os apartamentos compreendiam uma área social muito grande, enquanto a íntima ficava em segundo plano. As famílias preferiam ter mais espaço na sala, pensando em receber convidados.

Com a pandemia, vimos a necessidade de aumentar, principalmente, a dimensão dos quartos de solteiro (o “quarto dos filhos”), incorporando, por exemplo, uma bancada para um possível home schooling, para atividades diárias que eram feitas na escola e passaram a ser absorvidas dentro da residência. Vimos um aumento dessas áreas para que cada pessoa da família pudesse ter seu próprio espaço.

espaço para home office com mesa, cadeira, poltrona e estantes
Momentum, Plaenge em Campo Grande

Houve mudanças no dimensionamento das cozinhas, área de serviço e regiões como o acesso dos apartamentos às áreas comuns do empreendimento. Em alguns casos, pode-se oferecer um espaço específico para o morador tirar os sapatos, fazer a higienização das mãos etc. Também são valorizados lavabo com porta de acesso próxima à porta de entrada do apartamento, igualmente para a higienização pessoal. Tudo isso foi potencializado pela pandemia.           

De que maneira a permanência maior das pessoas em casa alterou a configuração de edifícios residenciais, por exemplo, com áreas de lazer mais estruturadas?       


A pandemia realmente acelerou tendências, talvez antecipando algumas mudanças que ocorreriam de forma lógica, tranquila e gradual. Há muito tempo, víamos a onda do “condomínio clube”. Até por uma condição de segurança, condomínios começaram a absorver atividades que, antes, eram feitas fora de casa, como academia e pista de caminhada. Até com boliche.

Agora, em função dos altos custos para se manter essas áreas, e das cidades mais consolidadas e terrenos menores, alguns empreendimentos foram se transformando em hotéis e “resorts boutique”, com um número menor de espaços, priorizando aqueles mais utilizados no dia a dia e trazendo praticidade aos moradores. Não quer dizer que diminuíram o tamanho, pelo contrário, existem ainda salões de festas, por exemplo, para 80 pessoas. Más há um bom salão de festas, uma boa área gourmet, por vezes com piscina privativa.

Outra demanda que teve um “superboom” pós-pandemia são as áreas de delivery e minimarket. Cada vez mais, as pessoas fazem compras on-line e esses itens precisam ser armazenados com segurança. Os empreendimentos passam a dispor de um ambiente com refrigerador e nichos para armazenamento, sob monitoramento da portaria ou do síndico. E outro é o minimarket, um minimercado, uma área de conveniência, com alimentos não perecíveis, bebida, carvão. Brincamos que esse item está sendo se tornando “original de fábrica”, os projetos já dispõem desse espaço previamente destinado.  

O que mais vai ser tendência a partir de agora em decoração de interiores?  
A principal tendência é a tecnologia, e eu digo a tecnologia dos materiais. A tendência é trazer essa inovação dispondo da tecnologia de materiais, de revestimentos etc. Na feira Revestir deste ano, pudemos ver alguns lançamentos, por exemplo, de materiais voltados não só à questão visual, mas também de funcionalidade.

Nos revestimentos, materiais naturais estão sendo substituídos por porcelanato supertecnológico de grandes formatos. A estética não perde. Tem muito revestimento que, olhando, você não vai saber se é mármore ou um porcelanato imitando mármore, porque ele tem a textura, tem o toque e tem a cor do mármore natural.

De forma geral, vemos uma tendência minimalista: as pessoas têm menos coisas dentro de casa, poucas e boas. Estamos priorizando qualidade e conforto com uma estética interessante e investindo em peças duráveis. Até porque estamos usando mais a casa, então é crescente a importância de você voltar o seu olhar para o lar, a partir deste período em que ficou todo mundo confinado… Quem já morava em um lugar de que gostava se deu bem, agora, quem tinha um lugar só mais de passagem, sentiu mais. É um caminho sem volta: esse olhar para a casa como realmente o seu lugar, o seu porto seguro, o seu espaço de refúgio.


O que distingue a qualidade de um empreendimento residencial hoje em dia?
A qualidade de um projeto parte da base, da intenção do projeto. Escolha do terreno, um bom briefing de projeto, uma boa setorização.

Desde um subsolo confortável, que tenha um bom giro de veículo, vagas de garagem que tragam segurança nas manobras. Pensando no térreo, a utilização dessas áreas de lazer precisa estar prevista já no primeiro esboço do projeto, onde a gente faz essa setorização e se pergunta “para quem é esse projeto”, o morador que o nosso cliente vai atender. Isso nos traz insights poderosos em relação ao primeiro desenho 2D do projeto, com a setorização de áreas.

Uma cozinha confortável, uma área de serviço que acomode a dinâmica daquela família ou daquela pessoa, pensando não só no momento em que a pessoa esteja sozinha, mas quando ela queira receber visitas. Um bom início de projeto traz um bom resultado final.

Falando diretamente dos empreendimentos da Plaenge, a gente vê um cuidado na especificação de materiais. O corpo técnico, a equipe de Engenharia, domina muito essa tecnologia de materiais, o padrão de qualidade dos materiais escolhidos. Essa troca de informações dentro do grupo é muito importante, como as peças de um quebra-cabeça.  O resultado é um grande e atualizado repertório com o apoio de um time de especialistas; a nossa parceria com a Plaenge é como um verdadeiro dream team.  Vale referir também a competência nas instalações de projeto elétrico, hidráulico, e tudo isso vai formando a qualidade do empreendimento.

Outra coisa em relação aos projetos na Plaenge é o cuidado com o cliente a partir de uma pesquisa de mercado, tudo está bem redondinho e, lá na frente, vai surpreender, e trazer aquele “uau” na entrega das chaves. É isso que traz a maior qualidade no empreendimento, e que no dia da entrega nos faz ver nos rostos que as pessoas estão realizadas, porque é uma compra futura e é uma aposta, então você acreditar na solidez de uma empresa e de parceiros, isso tudo tem muito valor para fazer um resultado de qualidade.

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Thaísa Bohrer

Thaísa Bohrer

Formada em Arquitetura e Urbanismo pela Unifil, deu continuidade à sua formação em design de interiores em importantes escolas como o Istituto Europeo di Design, em São Paulo, e o Istituto Marangoni, em Milão. Com um perfil jovem, enérgico e movido pela curiosidade, dá o tom contemporâneo às criações da Bohrer Arquitetos, buscando retransmitir na arquitetura as inspirações adquiridas em viagens e experiências.

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